segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Resenha - O Ladrão no Armário

O Ladrão no Armário
Autor: Lawrence Block Editora: Companhia das Letras Número de páginas: 200 páginas Anotar na agenda

Ficções policiais nunca caíram no gosto de quem, hoje, lhes escreve. Previsibilidade e clichês em demasia sempre me afastaram das estantes onde moram essas novelas. Mas o recém-publicado O Ladrão no Armário, do famigerado escritor norte-americano Lawrence Block, atraiu uma leitora reconhecidamente crua no gênero.
A “cola” se manifestou logo nas primeiras páginas. O motivo é um tanto tolo. No início da trama, o ladrão boa-praça Bernard Rhodenbarr, o Bernie, sofre nas mãos do dentista Craig Sheldrake, o “maior do mundo”. Segue a pergunta inevitável: o que essa cena tão prosaica tem de atrativa? Na verdade, absolutamente nada. Mas soou como um consolo para mim, que tenho aversão às estridentes brocas, curetas, aos sugadores de saliva e a outras engenhocas próprias dos consultórios odontológicos. Que bom que Bernie faz parte do meu time...
Voltando ao que interessa, foi numa cadeira de dentista que o protagonista ouviu uma tentadora proposta. Craig, possuído pelo desejo de vingança, elabora um plano para roubar a ex-mulher, Crystal Sheldrake. O dentista, no entanto, não pretende sujar as mãos. E passa a bola para Bernie, cuja fama de larápio já passeia por toda a cidade. Especialista em abrir fechaduras, por mais intransponíveis que pareçam, ele vê-se tentado a invadir a casa de Crystal.
Amante das bebidas e de encontros fortuitos, a moça guarda uma coleção de jóias pela casa. Mas o esconderijo não é segredo para Craig, que logo orienta o inteligente ladrão. Dois dias antes do combinado, Bernie entra na casa de Crystal e surrupia um arsenal de acessórios valiosos. Antes de ele escapar, porém, a ex do dentista abre a porta de repente. E pior: vem acompanhada. A única saída para o intruso é um apertado armário no quarto.
Neste capítulo, a cola vira super bonder. É impossível não se render às ações do protagonista. A Bernie, trancafiado no móvel, só resta esperar. Enquanto isso, ouve vozes e pensa em vinhos. Até que o silêncio toma conta do apartamento. E ele finalmente consegue se libertar. Tudo, até ali, conspira para que saia com as jóias, mas a maleta com o tesouro havia sumido. E Crystal estava no chão, morta, com um bisturi cravado no peito.
Autor de mais de 50 livros, Lawrence Block resgata Bernie Rhodenbarr de títulos como Burglars Can’t be Choosers, de 1977, e The Burglar on the Prowl, de 2004. Sempre às voltas com crimes, o personagem geralmente é considerado o principal suspeito. E não é diferente em O Ladrão no Armário. Ao longo da história, ele investiga o assassinato de Crystal, que envolve figuras misteriosas, milhares de dólares em notas falsas, novas mortes e um clima de romance com a bela Jilian.
Agraciado em 1993 com o título de Grande Mestre, pela Mystery Writers of America, Block livrou-me do preconceito contra as obras de ficção policial. Tanto pelo charme e o humor irônico de Bernie quanto pelas surpresas que compõem o enredo.
Letícia de SouzaDo CorreioWeb12/09/07

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